Endometriose: fadiga crônica é sintoma mais debilitante

por | ago 28, 2020 | Artigos

endometriose-fadiga-crônica-é-sintoma-mais-debilitanteA fadiga é um sintoma comum, mas subestimado, da endometriose, de acordo com os resultados de um estudo internacional com mais de 1.100 mulheres publicado na Human Reproduction, um dos principais jornais de medicina reprodutiva do mundo.

O estudo constatou que a prevalência de fadiga foi mais do que o dobro em mulheres diagnosticadas com endometriose em comparação com aquelas sem este diagnóstico, e permaneceu significativa após os resultados serem ajustados para outros fatores que podem desempenhar um papel na fadiga, como dor, insônia, estresse ocupacional, depressão, IMC e maternidade.

“Estes resultados sugerem que a endometriose tem um efeito sobre a fadiga que é independente de outros fatores e que não necessariamente está relacionada a outros sintomas da doença”, explica a ginecologista e obstetra, Melissa Cavagnoli, da Clínica Hope.

Embora a fadiga crônica seja conhecida como um dos sintomas mais debilitantes da endometriose, ela não é amplamente discutida e poucos estudos  investigaram este aspecto. “Para melhorar a qualidade de vida das mulheres com essa condição, abordar o sintoma de fadiga deve se tornar parte rotineira da assistência médica. Os médicos devem investigar e abordar esse problema quando estiverem discutindo com suas pacientes as melhores maneiras de tratar a doença. Também ajuda essas mulheres se medidas para reduzir a insônia, a dor, a depressão e o estresse ocupacional forem tomadas”, defende a ginecologista da Clínica Hope, especialista em Reprodução Humana.

A endometriose é uma condição na qual as células endometriais que recobrem o interior do útero refluem pelas trompas e se implantam também em outras áreas da região pélvica, como os ovários, bexiga, intestino, etc. Os principais sintomas são dor e infertilidade, embora algumas mulheres possam ser assintomáticas. Não se sabe exatamente a causa, mas é uma doença ginecológica comum com prevalência global entre 6 e 10%. 

Para realizar o estudo, os pesquisadores recrutaram 1.120 mulheres, 560 com endometriose e 560 sem a doença, de hospitais e consultórios particulares na Suíça, Alemanha e Áustria, entre 2010 e 2016. As mulheres completaram um questionário que deu enfoque a vários fatores relacionados à qualidade de vida e endometriose, bem como histórias médicas e familiares, estilo de vida e transtornos mentais. Fadiga e insônia foram categorizadas em cinco níveis diferentes, variando de 1 (nunca) a 5 (muitas vezes).

Os autores descobriram que 50,7% das mulheres diagnosticadas com endometriose sofriam de fadiga frequente, em comparação com 22,4% das mulheres sem a condição. A combinação de fadiga com endometriose também foi associada com um aumento de mais de sete vezes de insônia, um aumento de quatro vezes de depressão, um aumento de duas vezes de dor e um aumento de quase 1,5 vezes de estresse ocupacional. Idade, tempo desde o primeiro diagnóstico e o estágio da doença não estavam ligados à fadiga.

“Os pesquisadores apontam que uma possível razão pela qual a endometriose pode causar fadiga, independentemente dos outros fatores, é que as lesões endometriais podem causar inflamação que ativa o sistema imunológico. Proteínas chamadas citocinas que estão envolvidas na sinalização celular, quando o sistema imunológico é ativado, têm mostrado um papel nos sintomas da fadiga. A exposição crônica ao estresse elevado pode resultar em fadiga adrenal, e isso poderia ser uma explicação adicional possível”, explica Melissa Cavagnoli.

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