HIGHLIGHTS III ENCONTRO CIENTÍFICO AMIGOS DA HOPE

por | abr 10, 2025 | III ENCONTRO CIENTÍFICO AMIGOS DA HOPE

O III Encontro Científico Amigos da Hope promoveu a discussão de temas atuais e controversos por meio de palestras e debates conduzidos por grandes nomes da Reprodução Assistida no país.

 

A primeira palestra abordou o impacto da obesidade nos ciclos de Reprodução Assistida, com apresentações do Dr. Renato Tomioka e do Dr. Emerson Cordts. Embora seja consenso que a obesidade é uma doença crônica que deve sempre ser tratada, em pacientes obesas que recorrem à Reprodução Assistida—muitas vezes em idade avançada e correndo contra o tempo—prioriza-se a coleta de embriões para, posteriormente, buscar a redução de peso antes da transferência embrionária. Além disso, discutiu-se qual estratégia seria mais benéfica para a perda de peso nessas pacientes: dieta, cirurgia ou tratamento medicamentoso.

 

Na segunda palestra, o Dr. Pedro Monteleone e a Dra. Vanessa Heinrich abordaram o diagnóstico e tratamento da endometrite, especialmente a crônica. A conclusão foi clara: com as evidências atuais, a histeroscopia e a análise das imagens continuam sendo o padrão-ouro para o diagnóstico. Diversas ferramentas diagnósticas baseadas em técnicas celulares e moleculares estão em desenvolvimento, mas ainda carecem de mais evidências sobre sua eficácia. Quando detectada, a endometrite deve ser tratada para minimizar os efeitos negativos da inflamação crônica na implantação e na gestação.

 

Na terceira palestra do Encontro, os Drs. Matheus Roque e Daniel Zylbersztejn discutiram se há uma indicação clara para a realização do PGT-A em casos de fator masculino. Eles destacaram que a alta fragmentação do DNA espermático pode impactar os resultados reprodutivos, aumentando as taxas de aborto. Além disso, sabe-se que a idade  pode influenciar na quantidade e qualidade seminal. No entanto, até o momento, nem a idade, nem nenhum parâmetro seminal, tampouco amostras de homens com fatores de infertilidade demonstraram associação consistente com aneuploidias embrionárias.

 

Foi responsabilidade do Dr. Edson Borges Junior e do Dr. Giuliano Bedoschi abordar os dados nacionais de criopreservação de ovócitos e esclarecer se estamos ou não congelando o suficiente no Brasil.O Dr. Edson apresentou dados referentes à criopreservação oocitária, técnica que deixou de ser considerada experimental há pouco mais de 10 anos e que permite resultados reprodutivos c omparáveis aos obtidos com óvulos a fresco. Ele destacou que as taxas de sobrevida após o descongelamento são superiores a 90%, com taxas laboratoriais e clínicas dentro do esperado.

Foram apresentados dados do seu centro, o Fertility (Fertgroup), com uma casuística de 13 anos e mais de 1.300 ciclos. Partindo do pressuposto de que a transferência de três embriões euploides oferece uma chance de 95% de implantação (Ata et al., 2021), o Dr. Edson estimou, com base nos dados do Fertility, o número de ovócitos maduros necessários para se obter ao menos três embriões euploides em diferentes faixas etárias. Os resultados mostram que mulheres com menos de 30 anos precisam, em média, de 7,47 ovócitos — número que pode ser obtido em um único ciclo. Esse número sobe para 22,5 ovócitos (necessitando de 3 a 4 ciclos) a partir dos 35 anos e para 42,8 ovócitos (aproximadamente 11 a 12 ciclos) após os 40 anos. Concluiu apontando que, de maneira geral, apenas 6% das mulheres congelaram a quantidade de ovócitos necessária para alcançar três embriões euploides. Essa porcentagem cai para 2,5% nas mulheres acima dos 35 anos e é de 0% nas pacientes com mais de 40 anos.

 

Encerrando o III Encontro Científico Amigos da Hope, tivemos as aulas da Dra. Thais Domingues e do Dr. Renato Fraietta, que discutiram a situação nacional da doação de óvulos e da cessão temporária de útero. Ao contrário de muitos outros países, a legislação brasileira determina que tanto a doação de gametas quanto a cessão de útero devem ser atos altruístas, sendo proibida qualquer forma de remuneração. Essa realidade, naturalmente, dificulta o atendimento da alta demanda por esses procedimentos no país. Enquanto na Europa os ciclos de ovodoação podem representar até 64% dos ciclos de reprodução assistida, na América Latina esse número é de apenas 10%, sendo que o Brasil responde por apenas 14,5% desses ciclos. Atualmente, contamos com bancos internacionais autorizados pela Anvisa para a importação de óvulos, e algumas estratégias foram debatidas para tentar suprir a demanda nacional. Por fim, o Dr. Renato esclareceu os caminhos a serem seguidos por pacientes que necessitam de útero de substituição e não conseguem uma cedente que atenda aos critérios descritos na Resolução do Conselho Federal de Medicina, a CFM nº 2.320. Nestes casos, o médico especialista pode encaminhar um pedido especial ao Conselho Regional de Medicina. Em São Paulo, por exemplo, o CREMESP pode, com base na Resolução nº 382, de 8 de outubro de 2024, autorizar exceções, contemplando cedentes não previstas originalmente pela resolução do CFM.

O III Encontro Científico Amigos da Hope reafirmou o compromisso da Clínica Hope com a atualização científica de qualidade e a promoção de debates relevantes na área da Reprodução Assistida. Por meio de palestras dinâmicas e embasadas, conduzidas por especialistas renomados, foram discutidos temas que refletem os desafios e os avanços atuais da prática clínica, da preservação da fertilidade e das políticas públicas que regem o setor. A troca de experiências e o aprofundamento técnico proporcionaram uma valiosa oportunidade de aprendizado e reflexão para todos os participantes, consolidando o evento como um importante espaço de diálogo e construção coletiva do conhecimento em reprodução humana.

 

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