Todos os pacientes com câncer em idade reprodutiva devem receber informações sobre fertilidade e encaminhamentos para serviços de preservação da fertilidade. Uma metanálise publicada na Psycho-Oncology indica que muitos pacientes com câncer não estão recebendo suporte adequado nesse sentido.
Na análise de 23 estudos relevantes, os pesquisadores descobriram que muitos oncologistas são amplamente informados sobre os riscos para a fertilidade de seus pacientes, causados por alguns tipos de tratamento do câncer, mas muitos fatores dificultam as discussões apropriadas e os encaminhamentos necessários para fornecer suporte adequado aos pacientes em idade reprodutiva.
“Muitos tipos de câncer tem cura e acontecem em idade reprodutiva, tanto para homens e mulheres. Depois do tratamento e de vencer essa batalha, muitas dessas pessoas terão o desejo de constituir uma família. Por isso é fundamental que os oncologistas possam indicar serviços de fertilidade a seus pacientes para ajudar a reduzir o sofrimento a longo prazo, e pensar em formas de preservação da fertilidade”, afirma a médica ginecologista e obstetra, Amanda Volpato, da Clínica Hope.
Quando o câncer afeta uma paciente jovem, é preciso observar algumas peculiaridades dessa fase da vida, antes de iniciar o tratamento oncológico. “A preservação da fertilidade é um fator muito importante nos tratamentos de pacientes mais jovens. Muitos pacientes ainda não tiveram filhos e alguns medicamentos podem prejudicar o seu sistema reprodutivo. Dependendo do tipo de tumor é possível combinar remédios menos agressivos. Mas se for impossível preservar a fertilidade destes pacientes, as técnicas de reprodução assistida podem auxiliar estas pessoas”, explica Amanda Volpato.
Preservação da fertilidade
Hoje, os tratamentos da Reprodução Humana Assistida permitem tanto a preservação da fertilidade da paciente com câncer, quanto a obtenção da gestação, após o tratamento oncológico. Em cada caso, a equipe multidisciplinar que atende este jovem paciente definirá a melhor opção terapêutica.
Para preservar a capacidade reprodutiva das pacientes com câncer, segundo dados da Sociedade Americana contra o Câncer, é possível recorrer ao seguintes procedimentos:
· Congelamento de óvulos: o congelamento de óvulos também é conhecido como criopreservação de oócitos. Esta técnica pode ser uma opção para as mulheres que não têm um parceiro. Óvulos maduros são removidos e congelados antes de serem fertilizados;
· Congelamento de embriões: neste processo, os óvulos maduros são retirados dos ovários da mulher e fertilizados em laboratório. Esse processo é denominado fertilização in vitro;
· Congelamento de tecido do ovariano: consiste em retirar todo ou parte de um ovário por laparoscopia. Geralmente, o tecido do ovário é cortado em pequenas tiras, congelado e armazenado. Após o tratamento do câncer, o tecido ovariano pode ser descongelado e reimplantado na pelve. Uma vez que o tecido transplantado começa a funcionar de novo, os óvulos podem ser coletados e fertilizados em laboratório;
Para preservar a capacidade reprodutiva do paciente com câncer, segundo a Sociedade Americana contra o Câncer, é possível recorrer a:
· Congelamento de sêmen: o congelamento (criopreservação) dos espermatozoides é a alternativa mais bem-sucedida para preservar a fertilidade masculina antes do tratamento contra o câncer. O congelamento – mesmo durante muitos anos – não prejudica os espermatozoides.