Apesar dos resultados positivos de pequenos estudos e da crença generalizada em seu benefício, a prática de manter as pacientes em repouso após a inseminação intrauterina (IIU) não tem efeito benéfico nas taxas de gravidez, aponta um grande estudo randomizado. Segundo os autores da pesquisa, de fato, “até tende ao contrário”.
Por trás das conclusões, existe um grande estudo comparativo randomizado, no qual 479 pacientes com indicações padrão de (IIU) – para infertilidade sem causa aparente ou fator masculino leve de infertilidade – foram aleatoriamente designadas para 15 minutos de repouso, imediatamente após a inseminação ou mobilização imediata. A comparação foi baseada em um total de 950 ciclos em que as pacientes ficaram em repouso e 984 em que as pacientes deambularam logo após o procedimento.
Os resultados mostraram que a taxa cumulativa de gravidez em curso por casal (ou seja, após o curso total do tratamento, que em alguns casos durou seis ciclos) foi comparável entre os dois grupos – uma taxa de gravidez de 32,2%, após 15 minutos de imobilização, e 40,3%, após mobilização imediata.
“Essas diferenças não foram estatisticamente significativas, apesar da tendência, indicando nenhum benefício de um breve período de repouso após a inseminação. Segundo os autores, o repouso após a IIU não tem efeito positivo nas taxas de gravidez, e não há razão para que as pacientes permaneçam imobilizadas após o tratamento”, afirma a ginecologista Amanda Volpato, diretora da Clínica Hope.
Os pesquisadores reconhecem que esses resultados estão em desacordo com a literatura, a partir da qual há uma ampla aceitação do repouso na cama após a IIU.
Sabemos por meio de outros estudos que os espermatozoides podem alcançar a trompa de Falópio cinco minutos após a inseminação intravaginal e que eles podem sobreviver por vários dias no útero. Por que o repouso na cama afetaria isso? Não há explicação biológica para um efeito positivo da imobilização, que, geralmente é realizada em decúbito dorsal com os joelhos levantados.
“Os autores acreditam que os resultados encontrados em um estudo randomizado tão grande são sólidos e suficientemente fortes para tornar obsoleta a recomendação para repouso”, defende Amanda Volpato, especialista em Reprodução Humana.