Durante o Congresso Anual da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, na Filadélfia, EUA, pesquisadores apresentaram resultados de um estudo de coorte retrospectivo no qual eles compararam os resultados das Tecnologias de Reprodução Assistida em mulheres com menos de 38 anos, nos dois anos anteriores, e, nos dois anos seguintes, após a revisão de 2017, das recomendações de transferência de embriões ASRM / SART. Os dados mostraram uma redução significativa no número de embriões transferidos e nas taxas de gravidez gemelar, mas nenhuma redução nas taxas de nascidos vivos, após a publicação e implementação das novas recomendações.
O estudo analisou dados de ciclos realizados nos dois anos anteriores e nos dois anos após a alteração das diretrizes. Os pacientes incluídos na análise eram mulheres com menos de 38 anos de idade, em seu segundo ciclo de transferência de embriões, usando seus próprios óvulos e sem teste genético pré-implantacional.
O principal desfecho foi o nascimento de gêmeos vivos. Houve 367 nascidos vivos resultantes de ciclos realizados durante o período do estudo. Antes das novas diretrizes, uma média de 1,38 embriões eram transferidos por paciente por ciclo; isso caiu para 1,0 após a implementação das diretrizes de 2017.
A taxa de gravidez gemelar caiu de 14,2% para 2,5%, com uma redução correspondente na taxa de nascidos vivos gêmeos de 12,5% para 2,5%. Não houve gestações múltiplas de ordem superior ou nascimentos. A porcentagem de transferências com boa qualidade embrionária aumentou (61% a 67%) ao longo do período, e a taxa de nascimentos vivos por transferência nessa demografia permaneceu inalterada (47% vs. 50%), após a revisão das diretrizes.
Ao comparar os dados nacionais de 2016 a 2017, os pesquisadores descobriram reduções semelhantes, embora menos dramáticas, na taxa de gêmeos. Esses dados incluíram os primeiros ciclos dos pacientes, bem como os ciclos subsequentes. Em 90.000 ciclos de recuperação em pacientes com menos de 35 anos, a taxa de gêmeos diminuiu de 16,5% (2016) para 13,3% (2017). E em 50.000 ciclos de recuperação nos pacientes 35 a 37 anos, a taxa de gêmeos diminuiu de 15,6 para 12%.
“O estudo destaca que a transferência de embriões únicos funciona muito bem nessa faixa etária (menos de 38 anos). Apesar de alguns pacientes desejarem ter gêmeos, devemos aconselhá-los que a transferência eletiva de embrião único (eSET, do inglês elective Single Embryo Transfer), SET, é mais segura”, afirma a ginecologista e obstetra, Melissa Cavagnoli, diretora da Clínica Hope.
Melissa Cavagnoli destaca que já existe um corpo sólido de estudos sobre o tema. “A política de SET deve ser estimulada para casais com bom prognóstico, já que resulta em boas taxas de gestação clínica, evita gestações múltiplas e consequentemente as complicações materno-fetais”, destaca a médica, que é especialista em Reprodução Humana.